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No âmbito das comemorações do Dia Internacional das Florestas e do Dia Mundial da Poesia, 21 de março, o Museu Nacional de História Natural e da Ciência recebe a apresentação do livro Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, uma edição da Imprensa da Universidade de Lisboa. O evento decorre entre as 17h00 e as 19h00 e a entrada é livre.

A apresentação do livro conta com uma conversa que será conduzida por Cristina Branquinho, investigadora cE3c, e por Viriato Soromenho-Marques, professor de Filosofia da Natureza na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Em 2018, a investigadora Maria Amélia Martins-Loução assinava um artigo no jornal Público precisamente inspirado nesta obra. Partilhamos o excerto que o encabeça:

"A Primavera Silenciosa é uma obra clássica de 1962, onde a bióloga americana Rachel Carson alertou para o efeito nefasto do insecticida DDT e de outros pesticidas no ambiente, em geral, e na saúde humana, em particular. As suas obras, e em particular este emblemático livro, despertaram uma consciência ambiental global e a base do movimento que levou à regulamentação, fiscalização e utilização dos pesticidas. Trinta anos mais tarde, John Richard Krebs, biólogo inglês, lançou, na revista científica Nature, outro alerta para o que intitulou a segunda Primavera silenciosa. Neste caso, referia-se sobretudo à perda de diversidade biológica, particularmente da paisagem inglesa, em resultado da intensificação e extensificação da agricultura com monoculturas. E em Portugal? Trinta anos após este último grito inglês de alerta, estaremos nós a caminhar para uma Primavera silenciosa depois destas tempestades invernosas dos últimos dias? Os alertas são frequentes e constantes, tanto nos jornais como nas redes sociais. Mas o autismo mantém-se: a sociedade urbana, apesar de estar sensível, considera que o problema não é seu; a sociedade rural transmite estes mesmos alertas, faz o que pode, mas o seu sustento fala mais alto; os governantes alicerçam-se em números, índices de economia e de satisfação do povo, e no cumprimento de regras, nacionais e europeias. As paisagens portuguesas estão feridas. Feridas com diferente gravidade, mas que urge sarar e tratar profundamente."

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